21 março, 2007

O corredor da morte está cheio de tesão e é ouvi-lo tal rouxinol neste inicio de primavera e dia mundial de poesia estupidamente correcta e, claro é um orgasmo ver Noami Campbell a passar o corredor a pano






“O POETA A VIR-SE
a. dasilva o.

Você quer ver com os seus próprios olhos
Como nasce um poema? Você quer saber até às últimas consequências como um poema se desenvolve tal tumor maligno na linguagem?
Cuidado! Você será sujeito a uma experiência limite
Com consequências imprevisíveis
Para o seu bem-estar
Social, político, cultural e especialmente espiritual
Cuidado! No passado recente temos sido acusados, devido às nossas intervenções públicas, nomeadamente “Os Malefícios da Literatura”, ultimamente e no passado mais longínquo “Leite, Literatura e Assassinos” acusados dizia eu, - este eu é um eu desarticulado, fendido e insultado na sua inteligência – de sermos causadores de graves danos, por vezes mortais e é nesse sentido que está avisado: Você passará a partir deste momento a ser uma pessoa que vê e sabe demais

Levante-se pois uma ponta do véu:
Eis o Poeta em pleno acto criativo


No melhor corpo cai a noite
De quem a sete selos
Tenta criar o paraíso
Terreno num beco sem saída

Estou a vir-me

Num espelho escrito por dentro
E por fora

Estou a vir-me
Enjaulado em mim
Distorcido
De um lado para o outro

Cabalístico
Estou a vir-me
As banhas, as cicatrizes,
As chicotadas psicológicas,
Os olhares psicóticos,
As taras, os traumas:
Exercícios de esquecimento

Interdito
Estou a vir-me

À volta do corpo,
Essa embarcação hostil,

Estou a vir-me

À volta do corpo
Os passos perdidos do desconhecido

Estou a vir-me
Tal cão saindo dum banho de sangue

Estou a vir-me
Num banho de vozes
A sete chaves
Que nada dizem

Estou a vir-me

À base
De plásticas e constante
Arrancar de costelas
Estou a vir-me
No desconhecido

Ser que morre como nasce
Escrito, tatuado por dentro e por fora
Com a miséria mental
A tapar-lhe os olhos,

Estou a vir-me
Absolutamente
Perdido
Em sonhos, banhas,
Cicatrizes para e psicológicas, chicotadas
Psicóticas em eternos
Exercícios de esquecimento
Estou a vir-me

Há três dias e três noites
Só me apetece delirar
Neste beco sem saída
Que é o corpo
Em permanente banho de multidão

Estou a vir-me
Em flagelo
A vir-me para o conhecido
Livro dos sete selos
E nas suas sete taças
Escritas por dentro
E por fora

Estou a vir-me”

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