01 agosto, 2011

«Venho declarar solenemente a minha ignorância. Nunca pensei que, já depois de velho, viesse a tomar conhecimento de mais esta modalidade de opressão da Mulher. Sabia que as torturavam, queimavam como bruxas, sempre consideradas inferiores. Agora que, ainda há menos de um século, com a medicina já nos alvores da modernidade, fosse considerado como doença o orgasmo feminino, nunca imaginaria. A mulher não pode ter prazer - só tem de sofrer. Ainda há quem pense assim... ORGASMO TAMBÉM É CULTURA...» CONTRA

Transcorria o ano de 1880 e cansado de tanto masturbar manualmente as suas pacientes, o doutor Joseph Mortimer Granvillepatenteia o primeiro vibrador eletromecânico com forma fálica.
                                                                                                          
Modelo manual Woody

Durante o século XIX, a
 massagem clítoriana era considerado o único tratamento adequado contra a histeria, de maneira que centenas de mulheres iam ao médico para que tivessem a zona massageada e induzidas a um "paroxismo histérico", hoje conhecido como orgasmo.
Mod. manual - Dr. Johansen's


A histeria, suposta doença que os gregos tinham descrito como "útero ardente", converte-se numa espécie de praga entre as mulheres da época. Qualquer comportamento estranho "ansiedade, irritabilidade, fantasias sexuais" era considerado como um claro sintoma e a paciente era imediatamente enviada para receber uma massagem relaxante.
                                                                                                
Mod. Manual Vibro-Life
No final do XIX a quantidade de mulheres que vão à consulta é tal, que os médicos já estão com problemas de LER (Lesões por esforço repetitivo) nas mãos e pulsos e então começam a inventar todo tipo de artefatos que lhes poupe o trabalho.

Normalmente eram bastões de plástico com um mecanismo bastante complexo, deixando o produto muito pesado e de difícil manipulação.
Mod. elétrico - Try New Life

Pense ao que isso possa parecer hoje, 
naqueles anos a aplicação do vibrador sobre o clítoris era tida como uma prática exclusivamente médica.
Mod. elétrico - Vibro Eletra

Na chamada Era Vitoriana, 
não era considerado ato sexual.
Mod. elétrico - Rolex
Os problemas, os tabus e a grande "sacanagem" que quase todos imaginamos hoje em dia ao ler este texto, começam mais tarde, a partir de 1920, pois foi a partir deste ano que os médicos abandonaram o uso do vibrador em seus consultórios pois eles começaram a aparecer em filmes pornográficos. 

E, neles, as “atrizes” curavam sua histeria frente as câmaras. Os filmes fizeram com que o vibrador ficasse estigmatizado como coisa de mulheres da vida, nenhuma mulher fina ou mãe de família poderia ter uma histeria tranquila sabendo que a rameira da esquina fazia uso do mesmo instrumento.

Nos anos seguintes, a venda de vibradores foi então disfarçada sob formas de discutível sutileza.

Imagine a felicidade daquela esposa que, tendo recebido um aspirador de pó como presente de aniversário de seu marido, se deparasse com a panacéia ao abrir a caixa.

A partir desse momento, o vibrador começou a perder sua imagem de instrumento médico e nos finais dos anos 60, início da "queima dos sutiãs", quando estudos revelaram a importância do orgasmo pela estimulação direta no clitóris, o vibrador se popularizou como um aparelho sexual fundamental para a mulher. 

Daí, veio a primeira grande mudança, agregar ao bastão uma capa de silicone ou látex, dando ao produto novos formatos e cores e proporcionando um contato muito mais agradável a pele. 

Em seguida, com a evolução tecnológica, micro motores foram desenvolvidos aliados a baterias mais leves e duradouras, reduzindo o peso dos produtos e criando vários tipos de vibração para estimular ainda mais a região pubiana.

Este acima, foi recentemente lançado pela empresa Canden Enterprises, "Earth Angel", o primeiro 
vibrador ecológico.

Este é o primeiro aparelho do gênero a funcionar sem pilhas e ativa-se graças a um mecanismo que utiliza uma manivela (voltamos aos anos 20) para carregar. A empresa assegura que com apenas quatro minutos usando a manivela, o aparelho funcionará durante 30 minutos.

E, para encerrar este post, enfim o cinema - sob uma ótica não pornográfica - prestará sua homenagem aos vibradores. 

As filmagens vão ser realizadas no mês de outubro nas cidades de Londres e Luxemburgo. A estreia é prevista para 2011, quw se chamará  "Hysteria" ("Histeria", em tradução livre) se passará na Era Vitoriana  e mostrará dois médicos que tratam casos de histeria, uma condição caracterizada por uma irritabilidade aguda, raiva e choro súbito, associada às mulheres.




 Um dos personagens faz um experimento elétrico para o tratamento da "doença". Dentre as atrizes do elenco, está Maggie Gyllenhaal (mas não, ela não será das que fazem uso do instrumento).

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