Ironia
do destino, por A. Dasilva O. (o guru do lixo)
Como cada cidadão que se preze sou acusado de
ter vivido acima das minhas possibilidades sendo com tal um rendimento líquido
muito alto (ultra-high-net-worth) com residência fixa, pós-laboral na entrada
principal do banco de Portugal, quando não em viagem pelo mundo pós-droga. Esse
ex-luxo que apenas o experimentam como testemunhas do capital selvagem, todos
os marketers pequeno burgueses dessa decadente indústria que é ser escravo do
dinheiro quer seja do vivo quer do de plástico.
A vida
é o meu cartão multibanco, e é um luxo e é preciso vivê-la para lá dos seus
limitados e medíocres prazeres.
Nessa ironia tenho oportunidade de
experimentar tudo ao mais alto nível, roubando para comer, fugindo aos impostos
como público-alvo (o que será um cidadão sem os impostos) sem perder a sua dele
componente emocional.
Ainda ontem andei à porrada com um marketers
que chorava como uma madalena dentro do seu topo de gama carregado de perfumes,
cosméticos, pranchas de surf e todo um imundo de luxos deflacionistas.
Parti-lhe o focinho a seu pedido pois o seu patrão pagara-lhe em
géneros. Descarreguei-lhe toda a minha experiência pessoal e tentei
adaptá-lo à minha filosofia de vida.
É vê-lo todo satisfeito a mendigar à porta da
Capela das Almas com o seu
irreconhecível fato Armani enquanto na esplanada ao lado belo uma lágrima de
Cristo com duas pedras de gelo e releio salteadamente «Os Enterrados Vivos» de
Murielle Gagnebin