22 março, 2012

21 de Março 2012, dia da Poesia




21 de Março 2012, dia da Poesia

Volteava-me  no vale dos lenções
deste perdido pilhado e ocupado país
outrora país de marinheiros e de poetas 
entre ais e lais de quem na vida
tenta usufruir as suas pequenas
coisas quando o amigo Gaspar
me telefona que estavam ele e a sua equipa
como manda a lei à minha porta
afim  de me penhorar os bens

Um momento e acendo a vela
A musa e tusa já tinham abandonado
o leito de morte apago a vela e retiro as enciclopédias
que substituem parte do vido
da janela o sol enche-me de tesão e lá vou eu
abrir a porta e o amigo Gaspar entra todo sorridente
à frente dum grande elenco peço desculpa por estar
apenas com um monte de apontamentos a tapar
a minha privacidade sorriem compreensivos e também
pedem desculpa mas ninguém está acima da lei
Assim seja concordo eu no tempo da outra senhora
apareciam ao romper do dia tal como a morte
A liberal ditadura trá-los à hora do almoço

Sou poeta estava naturalmente a dormir
Um dos estados a que o cidadão-parasita
canoniza quem lhes alimenta o espirito
O outro estado é o de sonhar acordado

Mas o que é que se passa afinal
se me querem oferecer algum prémio
recuso como sempre ironista
Estamos aqui a fim de lhe consfiscar
os bens é esta a sua casa não respondo
É esta e afasto os apontamentos querem o meu
fígado os pulmões o coração um policia mais zeloso
aponta com gravidade a sua autoridade
e pedem os meus documentos que penam
sobre as várias edições da Constituição

Calçam as luvas e observam os documentos
e perguntam-me há quanto tempo vivo nesta ilha a céu aberto
Desde que me conheço
que vivo em Utopia o amigo Gaspar
pede desculpa que tudo não passou de um mal entendido
Não percebo resmungo você foi confudido com outra pessoa
Acontece muito aos poetas de qualquer forma fica informado
que esta ilha vai ser vendida em hasta pública

Concordo plenamente nenhum homem é uma ilha
e volto para o vale dos lençóis
assim como a musa e a tusa

A. Dasilva O.