04 outubro, 2016

Queria dizer uma coisa mas esqueci-me, diz o poema


A chorar pelos cantos andam os lusitanos dentro dos lusíadas em autêntica guerra de surdos, diz o poema


coitado do coração intelectual não pára de abrir a boca para nada, diz o poema, apenas o bolsar bocejos contra esse monstro que corrompe como um boi imanso: - Acorda, acorda e acorda
e olha para o que digo
e não para o nada que faço, diz o poema


Todo o poeta é uma ilha deserta no meio da multidão, diz o poema



Poema que ri


Em cada poema
Um preservativo usado
Dentro dum saco de voo
Enjoado tudo dentro
Dum saco de lixo, 
diz o poema enrolado num toldo
Todo o setembro de Eugénio
Android diz bloqueado





Poema que ri, diz o poema
ou de-fake-fada
por porno
f-b-uck-train


Mente-me que eu gosto, diz o poema, pois sem cornos um poema não passa duma flor de papel

Queria dizer uma coisa mas esqueci-me, diz o poema

As minhas mãos são os teus frutos, diz o poema


Só tu morte para me fazeres rir, diz o poema

O morto lamenta não estar vivo, diz o poema
que ri
ouvindo a tv