O nome do fogo
Tinha um vizinho que se chamava Fogo. Homem de meia idade,
educado reservado e sujeito de poucas palavras: bom dia, boa tarde e boa noite.
Por estas alturas era alvo de humor devido aos incêndios.
Há muito que não o via. Uma vez arrisquei a perguntar por
ele e a resposta, dada por alguém, pensando que estava a ser alvo de gozo: Aparece todos os dias nas várias televisões.
Subi ao seu apartamento e toquei várias vezes à campainha.
No dia seguinte dirigi-me à policia e relatei o caso. Ao
contrário do que podia supor. Fui ouvido com muita atenção e crivado das
eternas questões normais nestes casos. Se era familiar? Amigo? Conhecido?. Vizinho. Apenas e de poucas
palavras trocadas.
Depois de visionar um número absurdo de álbuns com
fotografias de suspeitos? Desaparecidos? Limitei-me a não fazer perguntas.
Não encontrando o sr Fogo em nenhuma das imagens, fui
estranhamente convidado a ir à medicina legal para uma identificação de
cadáver. Aceitei mas com a condição de fazer uma questão. Concordaram responder
se a resposta não estivesse em segredo de justiça, e, claro se soubessem a
resposta.
Não seria melhor visitar o apartamento onde o sr. Fogo
residia? Fica no caminho responderam a sorrir.
Avançamos a alta velocidade sob forte cheiro a queimado e chuva intensa de
faúlhas. A cidade está cercada pelas chamas.
Junto ao edifico da medicina legal somos informados que o
apartamento do sr. Fogo está vazio e sem qualquer indicio de violência e
completamente vazio.
Surpreso exclamo: mas esse apartamento é o meu.