14 agosto, 2017

O NOME DO FOGO

O nome do fogo
Tinha um vizinho que se chamava Fogo. Homem de meia idade, educado reservado e sujeito de poucas palavras: bom dia, boa tarde e boa noite. Por estas alturas era alvo de humor devido aos incêndios.
Há muito que não o via. Uma vez arrisquei a perguntar por ele e a resposta, dada por alguém, pensando que estava a ser alvo de gozo:  Aparece todos os dias nas várias televisões.
Subi ao seu apartamento e toquei várias vezes à campainha.
No dia seguinte dirigi-me à policia e relatei o caso. Ao contrário do que podia supor. Fui ouvido com muita atenção e crivado das eternas questões normais nestes casos. Se era familiar?  Amigo? Conhecido?. Vizinho. Apenas e de poucas palavras trocadas.
Depois de visionar um número absurdo de álbuns com fotografias de suspeitos? Desaparecidos? Limitei-me a não fazer perguntas.
Não encontrando o sr Fogo em nenhuma das imagens, fui estranhamente convidado a ir à medicina legal para uma identificação de cadáver. Aceitei mas com a condição de fazer uma questão. Concordaram responder se a resposta não estivesse em segredo de justiça, e, claro se soubessem a resposta.
Não seria melhor visitar o apartamento onde o sr. Fogo residia? Fica no caminho responderam a sorrir.
Avançamos a alta velocidade sob forte cheiro a queimado e chuva intensa de faúlhas. A cidade está cercada pelas chamas.
Junto ao edifico da medicina legal somos informados que o apartamento do sr. Fogo está vazio e sem qualquer indicio de violência e completamente vazio.
Surpreso exclamo: mas esse apartamento é o meu.