16 agosto, 2018

Transladrar, o verbo deste Verão, diz o poema









É mais fácil
ganhares o euromilhões
que escreveres 
um poema

dilu Ente




Transladrar, o verbo deste Verão, diz o poema, 
toma e fixa Porto editora




Sou um fabricante de poemas geneticamente modificados 
Meia palavra basta 
para te manipular, diz o poema


O que é preciso é que a gente se venha, 
diz o poema




A tua alma é o meu refúgio preferido, 
diz o poema 

O meu charco


Escrever é fazer justiça com as próprias mãos em bicos de pés para acordar os nossos fantasmas do paraíso, diz o poema
Trabalho sujo o meu
desde os celtas
em que degolava o estéril rei
e espalhava o seu sangue
pela página em branco
para encher o povo
de miséria, diz o poema

Rouxinol sem Facebook não sabe delirar, 
diz o poema


Ando a comer esta metáfora, 
diz o poema


À espera do Impossível, sentado de costas para a página em branco sujo, diz o poema

O sexo é o prolongamento de deus
e antigona o seu profeta 
refractário Ao enterrá-lo
fez os homens matarem-se uns aos outros
dilu Ente

À beira-mar todos os poemas são raios de sol
e cada onda o meu fonema
em decomposição
Cada-ver esquisito
as entranhas do seu destino
dilu Ente