10 fevereiro, 2019

Se basta a «meia-palavra» impressa no JN de hoje. Conveniente nos parece, dar a palavra toda, às questões colocadas, diz o poema

1 O teu percurso literário é indissociável das revistas. O que representam para ti estas publicações? Como consegues manter o entusiasmo ao fim de 40 anos?

- Sim. O meu carreiro nasceu no seio da « Sema» revista, Lisboa, 1978, a partir do segundo número. Depois foi um abrir de pulsos à realidade, à política, à cultura com um metralhar de intervenções, publicações e pedradas no charco do cerco do Porto.
- O meu entusiasmo não reside, vagueia na liberdade livre de não saber fazer mais nada do que ser colectivo. Como tenho dito «O Poema não nasce sozinho» e o Mal tem de ser regado tal flor

2 Contrariamente ao que se poderia pensar, a Internet não fez diminuir o número de publicações literárias. Que razões encontras para isso?
- A internet recriou, o seu próprio movimento literário que não passa de uma gravidez de gases, copy past e de inventar frases feitas de autores de renome. O que me diverte, pois desmistifica o academismo que se vê assaltado na sua inteligência intelectual e daí o recurso às publicações mistas, papel e digital ou ambos os suportes, o que é excelente.
No entanto, a internet e suas redes sociais são óptimas plataformas de divulgação e venda.
No entanto a maior parte dessas publicações apenas têm como objectivo de existência, manifesto, a de ocupar «um vazio» .

3 Como avalias o panorama atual das revistas literárias em Portugal (eventuais pontos fortes e fracos)?
 - julgo ter respondido na questão 2
4 O que distingue as publicações que diriges das restantes?

- Admito o fracasso, falha humana, delas e a necessidade da sua existência dado os objectivos colectivos se manterem vivos e os seus inimigos, visíveis e invisíveis, com necessidade de serem combatidos. A resistência deve ser louvada. E a liberdade em todas as suas expressões deve ser promovida contra o discurso da ordem e seus acólitos.