1 O teu percurso literário é indissociável das revistas. O que
representam para ti estas publicações? Como consegues manter o entusiasmo ao
fim de 40 anos?
- Sim. O meu carreiro nasceu no seio da « Sema» revista, Lisboa,
1978, a partir do segundo número. Depois foi um abrir de pulsos à realidade, à política,
à cultura com um metralhar de intervenções, publicações e pedradas no charco do
cerco do Porto.
- O meu entusiasmo não reside, vagueia na liberdade livre de não
saber fazer mais nada do que ser colectivo. Como tenho dito «O Poema não nasce
sozinho» e o Mal tem de ser regado tal flor
2 Contrariamente ao que se poderia pensar, a Internet não fez
diminuir o número de publicações literárias. Que razões encontras para isso?
- A internet recriou, o seu próprio movimento literário que não
passa de uma gravidez de gases, copy past e de inventar frases feitas de
autores de renome. O que me diverte, pois desmistifica o academismo que se vê
assaltado na sua inteligência intelectual e daí o recurso às publicações
mistas, papel e digital ou ambos os suportes, o que é excelente.
No entanto, a internet e suas redes sociais são óptimas
plataformas de divulgação e venda.
No entanto a maior parte dessas publicações apenas têm como objectivo
de existência, manifesto, a de ocupar «um vazio» .
3 Como avalias o panorama atual das revistas literárias em
Portugal (eventuais pontos fortes e fracos)?
-
julgo ter respondido na questão 2
4 O que distingue as publicações que diriges das restantes?
- Admito o fracasso, falha humana, delas e a necessidade da sua
existência dado os objectivos colectivos se manterem vivos e os seus inimigos,
visíveis e invisíveis, com necessidade de serem combatidos. A resistência deve
ser louvada. E a liberdade em todas as suas expressões deve ser promovida
contra o discurso da ordem e seus acólitos.