30 setembro, 2019

Eterno, eterno, só o eterno retorno, diz o poema



O sangue suga a poesia, diz o poema

FUckTURO, diz o poema

Há por aqui uma bala perdida a dizer poemas de Federico Garcia Lorca, diz o poema 
E uma vala comum de cadáveres esquisito a declarar alto e bom som
Não passarán

Poesia,
uma guerra 
de palavras, diz o poema

Não há palavras, diz o poema

O meu coração está sempre a partir
Se parte a arte não chega
a Rectó rica desfaz-se in 
continente em continente
como escravo em sal
dos o negreiro apanha os pedaços
do discurso que a cena defeca
e com as próprias mãos
espalha sobre o leite derramado
as cinzas do pródigo aborto, diz o poema


O amor ama e o ódio passa, diz o poema


É urgente a eternidade, diz o poema

O problema não está no que comes 
mas no que não cagas, diz o poema

Em cada poema
as ossadas da minha infância em amena cavaqueira com o futuro
dilu Ente

mije na mão
direita de deus, diz o poema

O amor não me visita, diz o poema
Espia
Me
Too

Na hora da minha morte todas as putas são virgens ofendidas, diz o poema


Flores e Corvo
Todo o Homem é uma ilha
no mar da palha, 
diz o poema


Poeta ou poetisa 
quem lá for
fica sem pissa, diz o poema 
Poesia não tem problemas
de género 
mas poemas
do génio


Debaixo duma ramada 
A ressaca 
Vindima,
diz o poema

Quanto mais chamas, mais combato, diz o poema


E no Inferno, arde todo o santo dia e ninguém se preocupa, diz o poema 
pelo contrário 
não falta quem para lá vá 
depois de ir desta para melhor

Belos tempos aqueles em que o homem tentava roubar o fogo aos deuses, diz o poema

Deus é o último a saber, diz o poema