12 maio, 2005
Os dias da Pulga, um diário. Corredor da morte. Cela 70
6.05 As “representações sobre o desejo”, “Não há mais nascer que Morrer” e “Numa avenida de merda” – os mais recentes livros que as Edições Mortas estão a lançar – anseiam pela chegada das “Malgas de peçonha” e “Ambiente: O falso consenso” que, asseguram, mais uma semana e estarão entre nós. Entretanto chegam mais dois números da revista Bíblia, assim como “ o pin da Bíblia” uma selecção/antologia de trabalhos escritos e publicados até ao número 17 da Bíblia e o debate surge com a recente Volte Face, primeiro número e depois de uma troca de olhos, em que umas e outras se medem e alguns piropos, o debate começa como sempre pelo tempo e a necessidade de resolver os seus, nossos problemas: Já. Mais uma vez não há tempo a perder. E abre-se todo um leque de opiniões, frases feitas, pequenos delírios e cada página tenta definir o seu voto: ou faz parte do problema ou da solução, quase todas optam teoricamente pelo problema. É mais divertido e muito amigo do seu amigo. Há que saber definir e onde se esconde. O inimigo somos nós. Enfim o debate está interessante mas tenho que satisfazer uma necessidade, quer dizer fazer aquilo que ninguém pode fazer por mim. A revista Nada olha para mim, cínica. Diógenes tem uma necessidade urgente de um café. Fecho-os nesse texto aberto. Cá fora o Real passeia o cão e quando necessário arruma uns carros para mais uma dose. E quando me vê começa a declamar Mário de Sá-Carneiro “ quando eu morrer, batam em latas” e um cigarro pode ser? Sacana! Ainda não fiz um cêntimo. Ele desdenta um sorriso. Dinheiro para quê, se ela não me dá bola! É do vírus. A cidade passa as noites a vomitar poesia por todos os poros e os dias a ingerir anti-psicóticos e depressivos. Volto ao local do crime e as miúdas estavam à beira de um ataque de nervos.
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