12 maio, 2005
Os dias da Pulga, um diário. Corredor da morte. Cela 70.
5.05 Estou feliz aqui, grita de dez em dez minutos o desconhecido que está na solitária: caixa que mudou o mundo. O meu outro vizinho, o Cebola, que me lembrou Pierre Emmanuel: “ Analisar intelectualmente um símbolo, é descascar uma cebola à procura da cebola.” recebe os fantasmas a quem lê as mãos, os pensamentos e todo um bruto naipe de cartas. Possuído – já consegue meter a mão esquerda pelo anus dentro, devido não a necessidades sexuais segundo as palavras dele, mas para sacar os cagalhões – possuído é o melhor dizeur poético da nossa língua que actualmente é a quarta mais ferrada do mundo. Mais tarde falarei da Alcoviteira, o hermafrodita; do Animal. Todas as outras celas estão ocupadas por Deus.
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