04 julho, 2005

4.07

Do outro lado do atlântico comemora-se a razão de ser. A terra é prometida num sonho fastfood democrático, num western onde o bem e o mal pós-moderno se dobram e desdobram, como carne para canhão, em acção. As imagens como refúgio e excesso da melhor defesa: o ataque. O choque tecnológico da lavagem ao cérebro neobarroco da opinião pública.

Por cá resta-nos pensar o excesso. Pensar o Excesso, de Pedro Parcerias, é o livro da semana (5 euros): “O pensar do excesso, enquanto pensamento do excesso por si mesmo, é o pensar que se dirige à totalidade do ente a partir da sua intimidade, ou seja, a partir da sua continuidade. Porque é dirigido pelo ente enquanto ente, o pensar que é exigido pelo excesso insere-se na tradição e na história da metafísica.”

Pulga foi à estação dos correios, ctt, despachar uma encomenda de livros. Tira a senha e espera pacientemente pela sua vez. Chega o senhor candidato, ex-governador civil, à civil, e deita um olhar de reconhecimento e com um sorriso de figura pública: então ninguém me reconhece nesta estação suburbana do grande Porto? Lá foi tirar a sua senha e, mais uma vez se expõe com sinais de quem está com pressa. Subserviente o chefe da estação corre para o senhor candidato e concede-lhe um tratamento de excepção. Pulga chegando a sua vez, abre a boca irritada por uma encomenda de livros demorar até sete dias, via normal, para chegar ao seu destino, quando como livros devia ser entregue no dia seguinte como está estipulado, e para tal os editores dão ao estado 12 ex. de cada livro editado, por dá aquela palha. Não senhor, se quiser tem que ser assim e paga uma fortuna e mesmo assim não garantimos nada, se quiser pode reclamar, mal sabendo o ingénuo empregado que quem se magoa é sempre ele e ou um dos seus com aconteceu frequentemente, já que os seus superiores não assumem as responsabilidades, a culpa é do ignorante do cliente e do improdutivo empregado. Pelo meio, este tenta despachar tralha benfiquista e outras tralhas que os ctt mais parecem lojas chinesas, e livros, sim também vendem livros, daqueles que se vendem aos milhares, percebem?, e os aterros sanitários deles estão cheios. E o sr candidato? Lá foi, depois de engolir uma dúzia de indirectas que Pulga despejou no infeliz empregado, que não percebeu nada e apenas se lamentou de talvez lhe ser impossível, hoje, de conseguir obter os objectivos. Amanhã se verá se a encomenda chegou, que numa ida lá por pouco mais ficaria. Sr. Moreira para a próxima leve a marcha assinalada para ter um tratamento de excepção ( pode ser daquelas sirenes da Psp, assim, colocada na cabeça), faça-nos esse favor democrático. Srs Ctt demitam-se ou privatizem-se duma vez e não insultem a lei maior do país.

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