INSCRIÇÃO NA LÁPIDE, DE FERNANDO MORAIS, edições mortas, 10euros JÁ
CANTA NA pulga, FINALMENTE. SEGUE-SE UM FRAGMENTO DO prefácio DE AUTORIA DE J.C.JERÓNIMO PAULO BERNARDINO RIBEIRO
“ Esta é uma história de amor e traição. Vive-se num momento de turbilhão revolucionário. Estamos em Paris, Maio de 1968, eternizado pela tomada das ruas pelo movimento estudantil revoltado contra a vida manietada, contra a guerra imperialista contra o nivelamento conformista, pelos lazeres de uma sociedade de plástico. Jovens que ergueram barricadas que se organizaram solidários para que o poder de decisão sobre as suas próprias vidas lhes fosse restituído.
A ordem vigente acolheu-os com a repressão violenta das forças policiais militarizadas. O confronto sangrento paralisou toda uma nação. Solidária, outra geração ergueu a voz face à barbárie. Intelectuais e operários, os pais que viam a sua descendência, nas ruas, brutalizada pelos cães da guerra. Estava constituído um novo movimento urdido no diálogo e na acção revolucionária. Já não se tratava apenas de fazer voar as pedras da calçada. Havia debates na Sorbonne, mas também nas avenidas e nas esquinas de Paris amotinada contra a intolerância dos que se agarram ao poder a todo o custo (mesmo o da vida humana). Por toda a França discutia-se o futuro, a autogestão, os caminhos da emancipação dos gestos quotidianos, a autoridade de cada indivíduo em expressar-se consoante a sua verdade.
Estes foram alguns dos factos. A História encarregou-se de mastigá-los, digerilos à imagem de outras conveniências que não as motivações originais do movimento revolucionário de 68. Conveniências de "objectos culturais" a serem consumidos, roupas de marca, compêndios e livros, anúncios para a venda de automóveis: "sejam razoáveis, exijam o impossível".”
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