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Igreja e Estado, À volta do contraditório bispo do Porto, por António Teixeira Fernandes, uma edição Estratégias Criativas
No presente estudo o autor desenvolve a preocupação e o esforço analítico de enunciar factos, de estabelecer relações, de buscar lógicas, de forma a compreender a situação criada na diocese do Porto e em Portugal com o “caso” do bispo do Porto:
“ Na parenética que lhe vem sendo feita, afirma-se que há um caminhar “até ao deflagrar do afrontamento com o poder, afrontamento que ele assumirá como bispo da Igreja, ao trilhar, sem ser político, os terrenos da política”. Falta aqui análise do sistema político e das diversas modalidades de fazer política no interior da sociedade civil. Em Relações entre a Igreja e o Estado, mostrou-se claramente que o bispo do Porto não terá sido intencionalmente político. A actividade política que nele se desenvolve fluí directamente do seu fundamentalismo. Trata-se de uma visão fundamentalista a extravasar naturalmente para a política, como costuma acontecer com toda a forma de fundamentalismo. Para este, o mundo está constituído na perversidade e na malignidade, que urge, por todos os meios ao alcance salvar, integrando-o adentro da própria Igreja.
Usando a linguagem de Max Weber, dir-se-á que D. António Ferreira Gomes não é profissional da política, sem, contudo, deixar de fazer política como bispo. A imagem que parece ser registada para a história acaba mesmo por ser essencialmente a de um político, embora haja quem, só por ironia, diga que “D. António entregou-se à Igreja e os outros bispos entregaram-se ao Estado”. Tem que se reconhecer que há formas estranhas de se entregar à Igreja. E não faz política, somente através da tribuna que a sua função de bispo lhe oferece. Era-lhe legítimo doutrinar. Isso decorre naturalmente da sua própria missão.” António Teixeira Fernandes, é Doutor em Sociologia, professor catedrático da Universidade do Porto e docente na Faculdade de Letras
Estratégias Criativas
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