Poema Branco, de a. dasilva o.,
Quando era branco
jovem, sublime e a transbordar de aura
Todos se emocionavam,
bebiam e louvavam a
minha imensa
inteligência emocional
Como se fosse um poço
de orvalho de eterna juventude:
Pássaro da Revolução
e os efeitos do seu «el ninho»
Mais parecendo moscas
volteando sobre um monte de merda
Até as criancinhas
Nem uma de mim se aproxime
Farto de carpideiras
beatas
em jacuzzi banho de jogos florais:
A velhice da eterna juventude
A velhice do eterno revoltado
Rumor de flores
fazem-me ousio
Meus amores espero
na berma dum rio
Os adventos da coroa
de espinhos em doce algodão
poço
Em estufa fria
As dores de cadáver a dar à luz
o local do crime:
cuidado com o estado, rapaz
que morde e mata
para teu bem
Nada desejo
Mais que o eterno
Retorno a voltear-me
Sempre
Tal cadáver
No seu túmulo
São negras as noticias
Venho em todos os jornais
Como buraco negro
enrolar o poema na
mortalha
e a vida é uma cadela
chamada infância
A velhice é um poste
Onde a morte é um perigo
Eminente
Como uma criança
Na infância
Eu não rimo
Nem pobre
Nem rico
Sismo
Como um nobre
à luz duma vela
adormecida
numa viagem
apenas com ida
desculpe por ainda
estar por aqui
vivo
o direito dum
moribundo a ser pedante
já recusei três táxis
O FUTURO é o nosso
assassino silencioso
As suas cinzas de
poema a mim pertencem