03 junho, 2005

3.06

Um debate. Aqui no corredor da morte. Algumas ideias móveis umas, imóveis outras. Todas à volta do génio da lâmpada, a natureza. E toda a sua prisão de ventre. Isto das novas tecnologias não lhe entra na cabeça. Quem é que o quer tirar da garrafa? Não há hipótese. Temos que aguentar toda esta libertária claustrofobia de borboletas-caveira à volta do ponto de não retorno esse absoluto nada. Grafitty começa a atirar com os cagalhões às grades. Diz-se possuído pelo Espirito Santo e que o problema reside na falta de oração e na abundância de debates na tentativa de ultrapassar a nossa moral de assassinos. Graffiti vomita bravos e estica a mão ao meu vizinho: tiraste-me as palavras da boca. Todos olhamos para Deus que por sua vez se olha a um espelho. Está na net. Grafitty faz o manguito: faz-me um blog. Cebola não perde a paciência. Cospe nos raciocinios e com papel higiénico limpa-os amorosamente, como quem limpa uma arma: - hoje sonhei com a Europa. Foi um sonho húmido, daqueles sado-masoquistas em que lambia o meu próprio pénis. Graffiti hurra:- conseguiste libertar o génio da lâmpada? Grafitty:- isto não pode continuar assim, temos que fazer um levantamento, temos o direito de saber ao certo o nosso défice simbólico. Este meu intestino! A culpa é tua não tinhas nada que o utilizar com armazém de coca. Faço ponto de ordem.

Não nos podemos deixar enganar. Assim não há debate. O ambiente é de cortar todos os nossos movimentos, para melhor exercermos a nossa cidadania. A cidade é governada por uma geração futura que já em 1888, Domingos Tarrozo, denunciava: “quando as gerações futuras quiserem um dia conhecer a causa suprema da profunda e desoladora doença intelectual que esfacela este povo na época presente, terão de fazer uma coisa muito simples: leiam os actuais programas do ensino oficial”


Empédocles entra na Pulga: “E na medida em que os mais ténues se encontram na queda
...
Nutrido em mares de sangue que contra si se precipita,
E por onde mais se chama pensamento para os homens;
Pois sangue em volta do coração dos homens é
Pensamento”

Enganou-se no dia do lançamento do livro, o segundo, de 5 sábados, 5 livros, Ambiente: o falso consenso de Bernardino Guimarães.

Cebola chora.
Graffity e Grafitti, dizem emocionados: “Ai,ai, mísera raça de mortais, desafortunada,
De tais contendas e de tais gemidos nascestes!”

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